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sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Iniciando o blog com Joan Sutherland (nada mal!)

Para quem inicia um blog sobre as maiores vozes já ouvidas neste planeta, acho que não havia melhor maneira de começar do que fazendo uma homenagem àquela que é, para mim, a maior de todas as cantoras da História (ou pelo menos da história gravada!): a australiana Joan Sutherland.

Coincidentemente ou não, Joan Sutherland (conhecida pelos seus fãs como La Stupenda) nasceu no mesmo dia que eu (7 de novembro), ou seja, talvez eu já estava predisposo a adorá-la, e realmente assim que a ouvi pela primeira vez fiquei imediatamente quase que ''assustado'' com tanta beleza. Pivete como eu era, imagina só que, como ela foi a primeira cantora de Ópera que eu ouvi, eu pensava que toda soprano tinha a voz dela! Quando vi que 99% dos cantores não têm um centésimo da sua flexibilidade, da sua segurança técnica e, claro, do seu dom natural de ter uma voz bela, passei a valorizá-la ainda mais.

Para aqueles que talvez ainda não a conheçam, acho que
esse minúsculo exemplo já deve trazer o efeito esperado!

Talvez cada um reaja de modo diferente, mas, ao ouvir um canto como esse pela primeira vez, eu demorei ainda alguns minutos para assimilar! Essa deve ter sido a reação da platéia londrina ao ouvi-la pela primeira vez na sua
legendária Lucia di Lammermoor dirigida por Franco Zeffirelli. A platéia simplesmente não devia (aliás, até então não podia) imaginar que uma cantora podia reunir, para efeito de comparação, a agilidade de Amelita Galli-Curci, o volume de Kirsten Flagstad e a técnica de Nellie Melba - todas cantoras que foram justamente grandes exemplos para Joan Sutherland. Tudo numa só voz absurdamente volumosa, rica e sem limites para o topo. O que querer mais?

Com certeza diriam musicalidade, distinção, expressividade, atuação. Pois bem, Sutherland modelava linhas vocais, mesmo as mais intrincadas, com tamanha naturalidade e leveza que, ao invés de soarem como virtuosismos compostos para "pregar uma peça" nas cantoras, os floreios pareciam um fluxo espontâneo e lógico da melodia. Nada mais belcantista que isso. Suas interpretações, mesmo que criticadas pela imprensa pela falta da profundidade e do magnetismo de Maria Callas (aliás, quem mesmo tinha a profundidade e o magnetismo de Callas?!!), marcaram época, especialmente sua hilária Marie, que ainda hoje é mencionada como exemplo de humor de primeira em Ópera. O timbre, riquíssimo em cores e nuances, podia não ter a mesma sensibilidade certeira, penetrante de uma Callas ou de uma Muzio, mas era estonteante ao mesmo tempo que variava quase que de nota em nota para dar à música a mais refinada e espontânea expressão.

A verdade é, enfim, que não há como negar que, entre por volta de 1957 a 1977, Joan Sutherland reinou imbatível como a cantora com maior potencial vocal de sua época (e quem sabe de todas as outras...). Aliás, um potencial muitíssimo bem usado, como comprovado acima!

Ao longo destes próximos dias, eu vou postar uma simples mas certamente prolixa (não tem outro jeito comigo!) análise da voz de Joan Sutherland ao longo de seus mais de 40 anos de carreira. Em todas as mensagens, eu decidi postar vários exemplos vocais para que todos possam sentir melhor o que eu estou falando, e também para que possam ter alguns bons momentos musicais (aliás, não só com Sutherland). É só clicar com o botão direito do mouse em cima do link e clicar em salvar destino como. Depois é só ouvir e analisar por você mesmo. ;-D

* TRECHOS DE ÁUDIO (em ordem): Joan Sutherland em ''Casta diva'' (Norma, de Bellini) - 1963; Joan Sutherland em ''Alfin son tua'' (Lucia di Lammermoor) - 1959; Kirsten Flagstad em ''Dich, teure Halle'' (Tannhäuser, de Wagner) - 1936; Nellie Melba em ''Clair de lune'', de Debussy - 1926; Amelita Galli-Curci em ''Io son Titania'' (Mignon); Maria Callas em "Ah, non credea mirarti" (La Sonnambula).

4 comentários:

Sergio Nepo disse...

ygor, muito bem organizado e estruturado; exs. instigantes. TEm até du bist der lenz como curiosidade.
Parabéns!!
Sérgio

Anônimo disse...

Ola Ygor,
Estou apaixonado pela pagina que voce fez por La Stupenda!
Infelizmente, as partes musicais nao funcionao. Voce pode resolver o problema?
Muito obrigado,
Viva La Stupenda! e voce! e esta pagina!

Anônimo disse...

Feliz niver Sutherland e Ygor ;)

Anônimo disse...

Olá Igor
Muito pertinentes e interessantes os seus comentários sobre a Sutherland. Você analisa de forma extremamente técnica não só a evolução de sua carreira como as transformações ocorridas em sua voz. Como admirador da cantora, pude "descobrir" nuances que, antes, haviam passado desapercebidas. Parabéns pelo seu trabalho e pela sua sensibilidade.